terça-feira, 23 de abril de 2013

Jornalismo à Capela

Exmos srs.

Ao navegar pela Internet, fui confrontado por um editorial assinado pelo vosso director Vítor Serpa, onde se pode ler o seguinte:

a televisão tem trazido benefícios e malefícios ao Futebol. do lado do "mal" está alguma subversão do espectáculo, sobretudo quando é visto por dezenas de olhos das câmaras colocadas em lugares estratégicos e que concorrem deslealmente com os dois olhos do árbitro, pobre humano falível.

na verdade, o futebol de televisão é o futebol dos 1001 penalties e das discussões absurdas, porque o que se vê em casa nem sempre se pode ver no estádio.

Vem este editorial a propósito da arbitragem de João Capela no último Benfica-Sporting. Dada a celeuma provocada por um declive no relvado, capaz de fazer o cenário inclinado do programa "Vale Tudo" corar de vergonha, Vítor Serpa, motivado por uma súbita e nunca antes vista solidariedade para com os árbitros, ou então, por ordens superiores, escreve um editorial onde tenta desesperadamente desculpar a desastrada actuação do árbitro lisboeta no último derby. Nada disto seria digno de registo, não fosse o jornal dirigido por Vítor Serpa conhecido por fazer manchetes com erros de arbitragem. Todos nos lembrámos do "FORA DE JOGO" estampado na primeira página do jornal, aquando do golo de Maicon na Luz, do "Xistra decide o que estava decidido", por ter sido o único árbitro a ter a coragem de expulsar Javi Garcia, após mais uma das suas inúmeras agressões, ou "Benquerença trava Benfica", após uma derrota vermelha em Guimarães. Em todos estes casos, Vítor Serpa escondeu cuidadosamente os seus simpáticos sentimentos para com as equipas arbitragens. Em todos estes casos, Vítor Serpa não se abespinhou com o futebol da televisão. Aliás, até permitiu que o vosso jornal fizesse uma manchete com, pasme-se, imagens retiradas da transmissão televisiva, com linhas de fora-de jogo e tudo!!!

Em todos estes casos, o jornal ABola não se coibiu de julgar os árbitros, de usar as tão criticadas imagens televisivas a seu bel-prazer. Quando não interessou, tratou-se logo de desculpar o árbitro de uma forma mesquinha.

E acho que todos concordamos que mais vale ter dezenas de câmaras a escalpelizar a verdade e a mostrar o que realmente se passou, do que meia-dúzia apontadas para o tecto e uma manchete de ABola a inventar que Helton, Fucile e Cristian Rodriguez agrediram stewards no obscuro túnel da Luz.

Mas isto no fundo, pode chamar-se de jornalismo à Capela: parcial, incoerente e adulterador da verdade. Já ABola é o Maxi Pereira do jornalismo. Dia após dia infringe as regras e nunca é punida.

Com os melhores cumprimentos,
João Ferreira

Notas: Agradeço ao Tomo II, a citação do editorial.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Bicadas




Exmos srs,

Escreve a edição de hoje de ABola, no miserável cantinho da vossa capa dedicado ao campeão nacional, Futebol Clube do Porto, o seguinte: "Súbita atracção pela Taça da Liga". Embora seja sabido que, a Taça da Liga é, para o Porto a competição menos importante da temporada, custa-me a compreender a lógica e a coerência desta manchete. O Futebol Clube do Porto sempre usou a Taça da Liga para fazer descansar alguns dos seus principais atletas. Tal facto repetiu-se nesta edição da Taça da Liga, incluindo o jogo de hoje, onde, até mesmo antes deste começar, já se sabia que Helton não tinha sido convocado. Daí não compreender o vosso título, que não faz mais que indiciar que o Porto se está a agarrar a esta competição para salvar a época.

Para além disto, interrogo-me sobre o porquê do jornal ABola não ter feito o mesmo título sobre o clube que já ameaçou deixar de participar na competição, mas que entretanto até camisolas comemorativas da vitória na mesma fez. Ou sobre o clube, que por acaso é o mesmo da situação anterior, cujo treinador se vem gabar de estar em todas as competições, mas que quando é eliminado da mesma, afirma que a Taça da Liga não era uma prioridade.

Por outro lado, creio que faria mais sentido o título da notícia ser: "Súbita aversão à Taça da Liga". De facto, a capa do dia do jogo da outra meia-final, mostra que, no espaço de um mês, as meias-finais da Taça da Liga perderam 90% do interesse para ABola. Se antes se falava em "sonho" e se dava quase meia capa ao jogo, o jogo de hoje foi remetido a uma semi-obscura referência. De grandes capas a comemorar vitórias e a inventar afastamentos administrativos, a Taça da Liga foi, subitamente, menosprezada pela ABola. Serve apenas agora, para mandar, mais uma, bicada. De galinha. A ética e o rigor jornalístico é que ficaram, mais uma vez, na gaveta.

Com os melhores cumprimentos,
João Ferreira